quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Ou creio em Deus, ou paraliso o sitema.

VAIDADE AMOR FELICIDADE

Foi durante uma viagem à Suíça que descobri que nunca havia amado nada, a não ser a mim mesmo.

Na Suíça percebi a intolerância entre as diferenças.

O suíço francês não gosta do suíço alemão, que não gosta do suíço italiano, que não gosta dos outros dois. Sempre que surge uma oportunidade, faz-se um comentário, lúdico ou não, onde o outro é desqualificado.

Imediatamente percebi que este comportamento excludente onde o diferente é desqualificado por mim e, por isso, inferior a mim, repetia-se entre todos os povos da Europa. O português com espanhol, o espanhol com o francês, o francês com o inglês, o inglês com o italiano, o italiano com o austríaco... e toda a Europa com o alemão. Também na Ásia, na África, nas Américas, no Oriente e no Oriente Médio a intolerância com as diferenças se repete.

A história funciona como álibi, utilizo-me dela para alcançar um objetivo de felicidade encontrado na identificação e classificação das diferenças; é uma forma de sentir um prazer cômodo e imediato construído com o auxílio do senso comum.

No Brasil, não temos tantas histórias de guerra para utilizarmos como álibi para as nossas intolerâncias com as diferenças. No entanto, paulistas não gostam de cariocas, cariocas de paraibanos, paraibanos de pernambucanos, pernambucanos de baianos, brasileiros de argentinos... Mesmo na cidade onde nasci, e onde vivo, cultivamos a intolerância com as diferenças; se moro em Santa Teresa, refiro-me com desdém aos que moram na Barra da Tijuca.

Essas observações deram origem ao pensamento desenvolvido na análise das minhas emoções, que, partindo da classificação das diferenças, mostrou que minha relação com as diferenças é construída no desejo de felicidade, naquilo que acredito ser o amor e na minha vaidade.



Nada é igual a mim.




Amo o amor que sinto pelas diferenças.


As diferenças que correspondem ou não às minhas escolhas me conferem superioridade.


Não posso amar o diferente, a não ser quando escolho. Isso me favorece.

Amo a mim mesmo.

Exemplos:

Afirmo não gostar de televisão e escolho não possuir uma por ter uma opinião crítica contrária ao que ela normalmente produz, não acredito que a TV possa oferecer – nem a mim nem aos que gostam dela – aquilo que eu gosto de gostar. Isso me diferencia de quem gosta.

Gosto de não gostar de televisão. Quando eu gosto de não gostar, gosto de ser diferente de quem gosta. Essa diferença me confere duplamente um sentimento de superioridade, quando escolho amar o diferente que gosta do que eu não gosto.

Se eu gosto de televisão, gosto de gostar. Isto me diferencia de quem não gosta. Adjetivo as diferenças do outro, que não gosta (chato, elitista, excludente), e me sinto superior.

Quando o assunto não é foco do meu interesse, minha indiferença torna-me diferente e faz com que eu creia ser uma bobagem discutir sobre tal assunto. Tanto faz! Ambos têm e não tem razão. Para mim resta acreditar que estou acima do bem e do mal. O que leva as outras diferenças a apontarem e desqualificarem a minha falta de opinião. E assim sucessivamente, cada um segue buscando a valorização de suas escolhas, com objetivo de encontrar felicidade na crença da superioridade.

Acredito buscar a minha plenitude nas diferenças que escolho.
Desejo aquilo que não tenho.

A plenitude idealizada começa a ser desconstruída quando outras diferenças identificadas no diferente impedem a realização do meu desejo de felicidade (meu maior desejo).

Meu desejo de felicidade transforma o diferente que amo amar em produto de realização desse meu desejo. No momento em que o outro, com suas diferenças, deixa de cumprir esse papel, surgem as tensões que me levam a desqualificar e adjetivar as suas diferenças.
Eu sou o melhor.

Se não sou capaz de amar as diferenças e ninguém é igual a mim, amo a mim mesmo.


Esse amor é parcial, caso contrário, não existiriam conflito e desrespeito entre as diferenças que existem entre meu corpo e meu espírito, como, por exemplo, o vício de fumar, de comer, de consumir bebidas alcoólicas, de praticar crimes, etc., sempre em busca da minha felicidade.

Quando amo o amor, imponho limites ao desejo de felicidade do diferente. Sempre que a felicidade daquele que amo amar provocar em mim um sentimento de tensão, é porque sinto inveja da felicidade dele.

A inveja não me envaidece e por isso a denomino ciúme.


Utilizo-me das diversas formas de diferenças para valorizar a mim mesmo. O fato de um grupo se identificar com um determinado tipo de produto cultural, diferente daquele que escolhi, é o bastante para que eu o desqualifique e me sinta vaidoso depois da formulação de uma crítica, lúdica ou não:

- Esse tipo de música é muito ruim!
- Tanto quanto quem gosta!

Aponto as diferenças fazendo humor e alcançando uma felicidade imediata diminuindo mulheres, negros, amarelos, gays, judeus, pobres, deficientes, pessoas com pouca instrução, obesos, interioranos, velhos, ... Evidenciando a superioridade da minha diferença no final desse jogo lúdico.


A máxima “Quando sou bom, sou mau; quando sou mau, sou ótimo!” reflete a busca do prazer contido no sentimento de superioridade, na valorização da maldade. Sinto-me feliz com a maldade, que atribui grandeza à minha diferença.


Da mesma forma, valorizo a minha virtude quando me sensibilizo com as mesmas diferenças. O que importa é o meu sentimento, a minha emoção, o amor que sinto por mim.

Sou constantemente estimulado por emoções antagônicas que me satisfazem e me impedem de encontrar um movimento de transformação.

Amo a minha bondade quando me emociono com a miséria, com crianças doentes, com a poluição do Planeta, com moléculas de água examinadas como cristais que tomam formas delicadas ao som de musica clássica ou de belas palavras. Alcanço a felicidade na minha tristeza transformada em virtude pela minha sensibilidade (encontro nobreza na emoção provocada pela tristeza)

Paradoxalmente me julgo bom e valorizo a minha bondade quando desprezo políticos, criminosos, lideres de religiões contrárias a minha, ... através de um exercício egóico de palavras e opiniões que comodamente me trazem a felicidade, alimentam a minha diferença e a crença na minha superioridade. Permanecendo inerte, desfrutando o prazer criado e oferecido pelo senso comum.


Quando sou solidário, penso neste gesto como manifestação da minha bondade, e transformo a virtude em produto de manutenção da minha felicidade.

Se o meu gesto de solidariedade é direcionado a um amigo que foi escolhido por mim, a quem projeto o meu afeto, por identificação de gostos, caráter, nível social, nível cultural, generosidade, (sou generoso comigo, quando me diferencio do outro com a minha generosidade. Eu sou generoso) Espero desse amigo reconhecimento e gratidão pelo meu gesto de solidariedade, ou não espero nada, ou tanto faz...

Caso este afeto se transforme em desafeto devido às descobertas das diferenças, que impedem a realização da minha felicidade, busco no passado, no meu gesto solidário, resgatar o prazer negado pela falta de reconhecimento do diferente, pelo prazer da desqualificação das diferenças, com a valorização da minha bondade e superioridade: “Fiz tanto por ele e olha o que recebo!”.

O amor filial e maternal deixa de existir quando minhas expectativas de felicidade são frustradas pelas diferenças que não correspondem ao meu ideal.

Amo a esperança que o outro se transforme e seja o que eu quero que ele seja, amo o meu drama, amo a minha piedade, ... No fim amo a mim.

Amo amar o meu time de futebol, o país onde nasci, meu carro caro, minha religião, a literatura, a arte, a filosofia... Amo amar as minhas escolhas. O amor que sinto pelo amor, valoriza a minha diferença e transforma aquilo com o qual me identifico em produto de sustentação da minha felicidade.

O amor pelo amor às escolhas que faço para alcançar a felicidade alimenta e paralisa o sistema. Sou cúmplice do sistema, mesmo em desacordo com ele.

Quando o produto da minha escolha se relaciona com emoções capazes de produzir fortes sensações de felicidade egóicas, alimento e cristalizo o sistema. Dentro dessa realidade, é cômodo sustentar o meu desejo, com felicidades imediatas encontradas na classificação excludente ou includente das diferenças.

É a escolha comum de um grupo para alcançar a felicidade que possibilita ao sistema transformar tais escolhas num mercado que alimenta a vaidade desse grupo.


Alguns exemplos:


Amo amar meu time de futebol

O time escolhido por mim me diferencia dos torcedores de outros times. Acredito que o meu time é o melhor. Amo torcer pelo melhor time. Amo o amor que sinto pelo time. Ele me traz a felicidade que encontro na sensação de superioridade todas as vezes que ele vence. Essa felicidade é construída no prazer que sinto com o sofrimento do diferente, que é inferior a mim. O prazer da vingança. Caso contrário, quando o meu time perde, fico infeliz com a sensação de inferioridade e sinto inveja da felicidade que é gerada na sensação de superioridade do diferente “inferior”.


Amo amar o meu país

O sentimento patriota, também construído na emoção que sinto quando ouço e canto o hino nacional me confere uma diferença que sequer foi escolhida por mim. Apesar disso, amo ser brasileiro. Isso me diferencia.

Amo o amor que sinto pelo meu país, por super valorizar a minha origem.
Amo a mim mesmo.
Se não sou patriota, tanto faz! O Melhor sou eu que não valorizo essa questão...

Amo amar o meu carro caro

Quando reconheço o meu amor por um produto de consumo, neste caso o meu carro caro, amo o amor que sinto pelo carro. O poder de consumir produtos caros me diferencia. Amo ser diferente dos que possuem menos bens materiais. Amo amar meus bens materiais, que expõe a minha superioridade diante das diferenças materiais inferiores a mim. Amo ser superior e provo a minha superioridade com o meu carro caro que me faz alcançar o prazer que só pode ser realizado quando me envaideço. Amo a mim mesmo.

Amo amar a arte

Reduzo a arte a produto de realização egóica, quando amo o amor que sinto por ela. Se eu amo a arte, sou sensível a ela. Amo ser sensível à arte. Isso me diferencia. Amo o amor que sinto pela arte. Esse amor submete a arte ao sistema, sendo ele, o amor pelo amor, o que transforma a arte em outra coisa, capaz de me proporcionar a felicidade que encontro na minha diferença.

Amo amar a minha convicção política

Quando amo uma convicção política, acredito no meu senso de justiça. Amo ser justo. Aqueles que amam uma ideologia e expressam o seu amor através da luta pela justiça, amam o amor que sentem por ela. O amor pelo amor à convicção política confere uma diferença de superioridade a quem ama. Faz com que eu me sinta motivado pelo ideal de justiça. Eu sou justo.
O amor pelo amor à ideologia me faz intolerante com as diferenças. Sinto prazer em desqualificar as diferenças contrarias, impondo o meu desejo, o único capaz de transformar injustiça em justiça. Paralelamente, reproduzo contraditoriamente os mesmos movimentos e as mesmas emoções do diferente, amando o amor por aquilo que escolho e que me diferencia das diferenças, estimulado pelo mesmo sistema que desprezo, e que me cristaliza na crença da minha superioridade.


Amo amar a Deus

Quando afirmo meu amor a Deus, acredito na minha bondade. Se eu amo a Deus eu sou bom. Isso me faz diferente. Aqueles que amam a Deus, escolhendo ou não uma religião para expressar o seu amor, amam o amor que sentem por Ele. O amor pelo amor a Deus confere uma diferença a quem ama o amor. Faz com que eu me sinta alguém especial motivado pelo ideal da virtude.

O amor pelo amor a Deus é o que divide, exclui e me torna intolerante com as diferenças.
O amor pelo amor a Deus me impossibilita de amar a Deus e o diferente. Amo o meu amor, amo a mim mesmo e por isso sou capaz de matar por amor pelo amor a Deus. E alcançar a felicidade que me envaidece e valoriza a minha diferença. Amo a mim.


Mato por amor ao amor a Deus.

Busco a superioridade nas escolhas que faço ou crio motivos de realização dessa superioridade naquilo que me é imposto.

As religiões alimentam a vaidade dos fiéis pelas suas escolhas e diferenças.

Num ambiente ecumênico, quando sou questionado sobre minha religião respondo com vaidade: sou católico, sou espírita, sou cristão, sou evangélico...

Minha escolha é a melhor, ela me diferencia. Caso contrário teria escolhido a outra.

Quando escolho uma dedicação religiosa por amor e gratidão a Deus e aos meus “semelhantes” identifico as diferenças existentes entre mim e os outros membros da mesma congregação.

Faço a escolha do meu grupo através da classificação das diferenças.
O líder religioso, representante do poder, também faz escolhas includentes ou não, de acordo com seu interesse, ratificando a divisão entre as diferenças da congregação.

Quando me identifico com o líder busco fazer parte do seu grupo, usufruindo do status adquirido na minha relação com o poder, acrescentando outros valores à minha fé.

Quando não me identifico com o líder ou sou rejeitado por ele, agrego-me ao outro grupo desqualificando e adjetivando as diferenças que identifico.

A religião, a arte, a política, o saber, são instrumentos de busca da felicidade contida na crença de superioridade construída no amor que sinto pelo amor.



Sobre o meu maior desejo, a Felicidade


O desejo de felicidade é o vício que me escraviza; motivado pela minha essência, gera os conflitos existentes entre as diferenças da massa de energia concentrada, que é o meu corpo, e da energia substancial do espírito; assim como nas minhas relações com as outras diferenças.

Existe em mim uma expectativa permanente de felicidade.

O desejo de felicidade transforma todas as coisas em produto de manutenção do meu desejo.

Desejo ser desejado, reconhecido, inteligente, rico, famoso, belo, que o trânsito nunca esteja engarrafado (apesar de viver numa grande cidade), que não encontre nenhum motorista lento no meu caminho, que o diferente sempre haja de acordo com o meu desejo, de nunca ser contrariado, de não ter de esperar mais do que cinco minutos, que o cachorro do vizinho não lata, etc.

Emocionalmente, ajo como uma criança com menos de dois anos de idade que jamais quer ser contrariada.

Sempre que uma criança é impedida de realizar o seu desejo, ela manifesta sua insatisfação através do choro e da pirraça. O que me diferencia da criança é o conhecimento intelectual adquirido no processo de envelhecimento, que, pouco contribui para minha transformação emocional. Adquiro status e poder tornando-me adulto (sou o dono do meu nariz), e sigo agindo emocionalmente como a criança que já fui, sentindo tensão, raiva, desejo de vingança, quando sou impedido de realizar o meu desejo de felicidade.

Quando tudo é desejo de felicidade, fico vulnerável à frustração, causada pela pulsão que gera infelicidade, sempre que sou impedido de realizar o meu desejo.

Transformo as frustrações, causadas pelo impedimento do meu desejo, em outras possibilidades que me tragam a felicidade negada.

Ex: amaldiçôo o transito, desqualifico o diferente que dirige lentamente com palavras que evidenciam a minha superioridade; agindo da mesma forma com o outro que me deixou esperando, com o vizinho dono do cachorro, etc.


Desejo ser admirado pelas minhas bravatas, pelo meu poder.

Fiquei muito tempo em uma fila, em um determinado órgão público; quando fui atendido, faltava a cópia de um documento. Saí para providenciar e, quando voltei, o segurança tentou impedir a minha entrada, pois o estabelecimento havia acabado de fechar. Expliquei o ocorrido e mesmo assim o segurança não queria permitir a minha entrada. Nesse ponto perdi o controle. Desafiei o diferente falando alto, insultando o tal estabelecimento, até conseguir realizar o meu objetivo e provar a mim e ao diferente a minha superioridade. Revivendo a emoção sempre que me refiro ao assunto.

A tensão é minha companheira.

Da mesma forma, torno-me adulto, buscando e acreditando na superioridade que descobri na infância, quando me sobressaía diante das diferenças – com a minha inteligência, a minha força física, a minha beleza e a minha sensibilidade artística –, sendo estimulado através de elogios dos adultos, que acreditam serem meus os méritos que proporcionam o prazer de felicidade na superioridade que exclui as diferenças inferiores.

Fico vaidoso com as minhas virtudes, por acreditar serem minhas, aquilo que é a manifestação Divina.


A superioridade contida na vaidade é a maior expressão de felicidade que posso alcançar.

O político utiliza-se do poder para alcançar felicidade na crença de sua superioridade.

O político em busca da sua felicidade encontra no poder o prazer que desconstrói a desonestidade contida na corrupção.

Desrespeito o direito de duração natural de uma vida diferente que classifico como inferior para sentir felicidade.

O criminoso, por incapacidade, constroi sua felicidade no prazer da vingança.

Crio argumentos para legitimar a felicidade que sinto com o sofrimento do diferente acreditando na minha superioridade.

Busco a felicidade proporcionada pela vingança, nos jogos eletrônicos, nos filmes de temática maniqueísta (o mal que o bem faz no fim do filme é maior que toda a maldade praticada pelo mal), no esporte, na política, na religião, no governo, onde houver poder, e me considero bom.


O criminoso não é mau, assim como eu não sou bom.

O criminoso deseja a felicidade e pela condição do seu próprio limite, só é capaz de realizar o seu desejo vingando-se das diferenças, tornando-se meu cúmplice, alimentando a crença na minha bondade e superioridade. O criminoso não ama a maldade, ama o amor pela vingança, ama a si próprio.

Quando o criminoso afirma que o diferente não é nada, desconhece a sua sentença.
O amor próprio se manifesta e ele se valoriza, quando sente a felicidade construída no prazer proporcionado pelo sofrimento do diferente inferior.



O diferente, que o criminoso julga ser nada, é tudo. É a sua maior possibilidade de felicidade.

A superioridade contida na vaidade é a maior expressão de felicidade que posso alcançar.

Sucumbo quando limito meus desejos a ideais criados por mim, baseados no senso comum, da mesma maneira que o criminoso limita o seu prazer na vingança.




A Vaidade

A vaidade é a minha essência. Ela é a responsável pela crença na minha superioridade, pelo meu vício em felicidade e pelo amor que eu sinto pelo amor.

Aquilo que me aprisiona, quando a transformo, é também o que me liberta.

A vaidade é o amor que eternamente retorna ao amor.


Aquele que é incapaz de realizar o prazer proporcionado pela vaidade sucumbe.

A vaidade é o paradoxo capaz de transformar o amor pelo amor em amor.

Aquilo que me iguala é aquilo que me fragiliza e me fortalece.



Me aproprio da vaidade para desconstruir as tensões criadas na negação do meu desejo de felicidade ficando vaidoso com a capacidade de transformar meus sentimentos.




exemplo

Escolhi com minha mulher transformar nossa casa no nosso sustento; um cama e café.

Depois de algum tempo, elevei a privacidade, que por escolha não tenho, à produto máximo da realização da minha felicidade, sentindo tensão pela sua falta.

Isso me levou a um colapso nervoso que me fez sair de casa para um hotel, cheio de contradições diante da minha busca. (nesse período, vivia o processo de construção desse pensamento).

No dia seguinte, entendi que podia transformar minha vida, até então bastante tranquila, numa agonia, fazendo-me de vítima, encontrando cumplicidade na solidariedade dos diferentes próximos, que reconheceriam na minha privação o motivo da minha tensão. O reconhecimento dos outros alimentaria o prazer encontrado no meu desprazer, cristalizaria o sentimento e eu seguiria com a felicidade agora construída na tensão do desprazer.





Aproprio-me da vaidade e envaideço-me com a virtude, por ela ser uma manifestação do Divino. Não por ser superior ao diferente.


Não sou melhor nem pior do que nenhuma diferença.
Sou instrumento da manifestação Divina.

Só posso amar a Deus rompendo com o amor pelo amor que sinto por Ele.

Só posso amar a Deus se acredito que minhas virtudes não são minhas; do contrário me diferencio do outro em condição de superioridade.

A virtude não me torna superior, me diferencia.

Não sou bom nem mau. Sou uma massa de energia concentrada com infinito desejo de felicidade.

Não sou bom. Sou instrumento da bondade, que é manifestação Divina.

Não sou mau. Sou incapaz.


Tornando-me Nada alcanço o Tudo.



A Terra é o núcleo de um átomo de uma célula de um órgão do infinito corpo de Deus.



Quando desqualifico ou qualifico as diferenças, afirmo que minha escolha é a melhor. O melhor sou eu.

“Para aquilo que não pode ser dito deve-se calar.”




Gratidão, amor e respeito a Manifestação Divina fruída em Platão, Spinoza, Nietzsche e Wittgenstein.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

sol de primavera

Quando entrar setembro e a boa nova andar nos campos Quero ver brotar o perdão onde a gente plantou juntos outra vez Já sonhamos juntos semeando as canções no vento Quero ver crescer nossa voz no que falta sonhar Já choramos muito, muitos se perderam no caminho Mesmo assim não custa inventar uma nova canção que venha nos trazer Sol de primavera abre as janelas do meu peitoa lição sabemos de corsó nos resta aprender.

beto guedes e ronaldo bastos